domingo, 21 de setembro de 2014

Curitiba terá Museu do Holocausto

Iniciativa privada é responsável pelo primeiro museu em solo brasileiro sobre o polêmico e questionável extermínio que teriam sofrido os judeus europeus durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de lançarem mão de uma “linha minimalista”, os responsáveis esperam criar a necessária comoção junto aos visitantes, condição sine qua non para manter o dogma do suposto holocausto.

Memorial abre no próximo dia 20 ao lado do Centro Israelita do Paraná e terá visitas apenas agendadas
Apesar de os judeus terem sua entrada no Brasil dificultada em plena Segunda Guerra Mundial, durante a Era Vargas, e de o país ter sediado um partido nazista, até hoje os brasileiros não dispunham de um museu que narrasse o mais dramático evento relacionado ao povo judeu: o Holo­causto. Mas, a partir do dia 20, Curitiba será a sede do primeiro memorial brasileiro dedicado ao assunto: o Museu do Holocausto será inaugurado justamente aqui por desejo de seu idealizador, o empresário Miguel Krigs­ner. Em princípio, o museu terá apenas visitas agendadas.
Sinagoga Frischmann em Curitiba
Além da sinagoga central, comunidade israelita curitibana terá novo símbolo, o Museu do Holocausto

O desespero da indústria do holocausto parece aumentar cada vez mais, à medida que aguça a crise financeira internacional. A perda do padrão de vida dos povos ocidentais fará cessar o efeito da anestesia midiática junto às boas-pessoas e antigos problemas ainda não resolvidos, muito pelo contrário, evitados ao máximo através até do código penal e constrangimento sociopolítico, retornarão mais uma vez à pauta das discussões. Não irão faltar aqueles que apelarão para a mesma lenga lenga de sempre, a velha estória do “bode expiatório” – NR.
Pelo mundo afora existem museus sobre esta temática, como em Berlim, Nova York e Jerusalém. Todos têm em comum um acervo de grande volume, que impacta os visitantes pela quantidade de objetos aglomerados em exposição e que pertenceram aos judeus presos e mortos em campos nazistas.
Exato, a estratégia é causar impacto emocional nos visitantes e bloquear qualquer questionamento racional – NR.
Aracy Rosa
Araci Rosa será homenageada

O do Brasil, porém, seguirá uma linha minimalista. A ideia é que itens únicos (como apenas um sapato, uma foto, uma boneca, um passaporte carimbado com a letra “J”, que identificava o prisioneiro), por exemplo, sejam usados como um gatilho para contar esta história. “A pretensão do museu não é ser inovador em sua planta arquitetônica ou no impacto das imagens. Resol­vemos fazer diferente e contar o que aconteceu por meio de objetos representativos”, afirma a consultora sobre o Holocausto Denise Hasbani, professora de História. Os objetos foram doados pela comunidade de Curitiba (que tem muitos descendentes e sobreviventes de campos de concentração) e contou com a ajuda do Memorial de Auschwitz (Polônia).
A iniciativa é da Associação Casa de Cultura Beit Yaacov e da comunidade judaica de Curitiba, e o projeto museográfico e expográfico foi desenvolvido pela Base7 Projetos Culturais.
Denise participou de um curso no museu de Jerusalém e pôde ter acesso a um acervo não aberto ao público, o que enriqueceu sua pesquisa. Ela trará para o museu curitibano a história de um jogo usado no gueto de Terezin, então Tche­­coslováquia, para onde foram diversos judeus com a eclosão do nazismo. Neste gueto, as crianças foram separadas de seus familiares e, para evitar que elas se perdessem, os pais criaram um jogo que permitia aos pequenos se localizar no gueto.
No museu, o visitante também terá acesso a um painel que conta o que foi a Noite dos Cristais, quando em 1938 lojas e sinagogas foram atacadas pelos alemães. “Foi um levante popular orquestrado pelo regime nazista em uma noite do dia 9 de novembro, quando as vitrines de vários lugares foram quebradas, daí a remissão aos cristais”, comenta Denise.
Espaço homenageará também não judeus
A paranaense de Rio Negro Araci Guimarães Rosa será homenageada em uma Seção aos Justos, junto com Luiz Dantas. Ela trabalhou no consulado de Hamburgo, na Alemanha, onde conseguiu ajudar judeus a fugir do país com destino ao Brasil.
Araci, depois no Brasil, teve a oportunidade de conhecer algumas das pessoas que ajudou e que até hoje vivem no país. Ela morreu em fevereiro deste ano, com 102 anos.
Para Denise, a criação do primeiro museu com temática judaica é um marco importante para o Brasil. “Espero que este exemplo seja seguido pelo restante do país”, afirma. Segundo ela, o Museu do Holocausto não irá abordar somente o tema nazismo, mas pretende trabalhar com a questão do preconceito.
A velha tática de envolver o suposto holocausto, episódio da história contemporânea que está longe de ser considerado como “um fato”, em justas campanhas contra discriminação gratuita e violência racial. Estaremos curiosos para saber qual relato sobre o sofrimento dos judeu europeus o museu de Curitiba irá adotar em seu programa: o do Yad Vashem, de Jerusalém, ou aquele do Museu Memorial do Holocausto de Washington – NR.
Serviço:
O Museu do Holocausto será inaugurado no dia 20 de novembro na Rua Coronel Agostinho de Macedo, 248, Bom Retiro. Será aberto ao público, desde que as visitas sejam agendadas. Mais informações pelo (41) 3908-2750.

Gazeta do Povo, 12/11/2011.

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