A portas fechadas. Como o lobby israelense silencia os dissidentes
Tratando-se de autores de prestígio que lançam livros com severas críticas a Israel e ao seu poderoso lobby, o primeiro degrau da confrontação é através do silêncio total. Entretanto, o mandamento do silêncio só é válido quando se trata de um livro que não foi comentado e o autor não tenha sido entrevistado.
No caso de publicações sem ressonância na grande mídia e sem entrevista com seus autores, para o americano comum não existe crítica a Israel, pois ele obtém sua informação exclusivamente dos grandes cartéis da mídia.
O segundo degrau da confrontação já é mais pesado e vai direto ao ponto. Sucedem-se fortes e malvados ataques aos autores. O lobby israelense é citado neste artigo, pois ele está em prática justamente agora contra um excepcional e bem fundamentado documento intitulado “O lobby israelense e a política externa americana”. Este documento foi elaborado por dois renomados professores americanos. John J. Mearsheimer da Universidade de Chicago e Stephen M. Walt do Instituto John F. Kennedy, da Universidade de Harvard.
Através de uma pesquisa na Internet, pode-se determinar que o trabalho de ambos os cientistas tem grande divulgação pela rede, mas não encontra qualquer comentário na grande mídia. À publicação é destinado o silêncio completo por parte do grande cartel das mídias.
O trabalho do professores foi divulgado somente na revista “London Reviews of Books”. Mais além podemos ler em www.lrb.co.uk uma versão redigida, assim como obter uma cópia dele. Nos noticiários, o trabalho apareceu somente em “Christian Science Monitor” e foi atacado por David Gergen em “U.S. News & World Report”. Gergen é um freelancer da revista, a qual pertence ao ativo sionista Mortimer Zuckerman. Gergen é um mestre da deturpação a serviço daquele que lhe dá sustento.
A afirmação central do trabalho de Mearsheimer e Walt, baseada em sólidas fontes bibliográficas dos cientistas, é a seguinte: o lobby israelense distorceu de tal maneira a política externa americana no Oriente Médio, que os Estados Unidos sobrepõem a segurança de Israel até mesmo sobre a sua própria segurança.
Nunca ocorreu tal situação na história americana, analisaram os autores.
A organização ADL (Anti-Defamation League) foi citada em uma publicação judaica, na qual a ADL atacará os dois professores com grande intensidade, caso a publicação tenha ressonância na grande mídia. Até o momento isso não ocorreu, embora na “Christian Science Monitor”, um dos cães de guarda do lobby israelense, tentou desqualificar os dois acadêmicos como incompetentes.
A publicação dos professores não é a primeira a ser criticada pelo lobby israelense. Vários outros textos de grandes autores foram editados, porém, permanecem ainda desconhecidos do grande público. Podemos incluir aqui o livro do antigo deputado republicano Paul Findley “They dare to speak out” (Eles ousam abrir a boca), contendo também o apêndice escrito por George W. Ball, um dos mais notáveis diplomatas americanos. O falecido senador William J. Fullbright foi o primeiro a caracterizar o Congresso americano como um território ocupado israelense”
Os autores Mearsheimer e Walt esperam que através de suas críticas se desenvolva uma discussão saudável sobre o lobby israelense e a política externa norte-americana. Logicamente é o primeiro mandamento deste lobby evitar qualquer discussão honesta sobre seus objetivos. Por isso é colocada em ação a política do silêncio e, se esta não der resultados, ações “mais persuasivas” são colocadas em prática.
Porém, uma coisa é certa: o Congresso e a mídia norte-americana foram surpreendidos com o trabalho de Mearsheimer e Walt.
Um outro autor que sofre a política do silêncio, assim como foi vítima de ações mais persuasivas, é Norman Finkelstein, professor na Universidade DePaul. Finkelstein publicou três livros, os quais muito provavelmente são desconhecidos do grande público: The Holocaust Industry (“A indústria do Holocausto”), Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict (“Imagem e realidade do conflito palestino-israelense”) e Beyond Chutzpah: On the Misuse of Anti-Semitism and the Abuse of History (“Por trás da Chutzpah: sobre o abuso do anti-semitismo e o estupro da história”).
Você deve ler os livros e trabalhos dos autores citados, mesmo você concordando com eles ou não. Em todo caso, você não se deve deixar influenciar por coações baratas e alarmantes.
Eu sou simplesmente um jornalista, mas se você quer se deixar impressionar por diplomas, os autores Finkelstein, Walt, Mearsheimer e Ball os possuem em abundância.
01 de abril de 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário